E cada vez mais o brasileiro me surpreende: de inúmeras formas, por inúmeros meios, cotidianamente. E é incrível(mente triste) como os adolescentes têm cedido ao meio e às condições de existência que um brasileiro agora se adapta pra viver. É como num ciclo vicioso, no qual percebemos que sempre que fazemos algo por baixo dos panos, nos damos bem de alguma forma - porém sabendo, mesmo que inconcientemente, que é apenas por um curto prazo.
Os adolescentes têm cada vez mais menosprezado o ensino e o tão fomentado "poder da educação", um lema repetido muitas vezes e que, com certeza, você leitor já o encontrou em algum contexto. Logo, se é uma frase tão utilizada, convenhamos que não trata-se de uma utopia.
De fato, essa alternativa de buscar a mudança no país está cada vez mais abandonada. Dados do levantamento feito pelo Todos Pela Educação com base nos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), aponta que o Brasil possui 2.486.245 crianças e adolescentes de 4 e 17 anos fora da escola. Isso ocorre por diversos fatos e condições as quais se encontram famílias e adolescentes, e que levam a esse abandono escolar tão prematuro.
Porém, aquele que hoje pode estar em uma sala de aula, mostra cada vez mais um perfil de desinteresse e uma qualificação de mediocridade em percentuais crescentes. Ouço muitos adolescentes falando sobre política, sobre a situação do Brasil hoje e como eles abominam a corrupção. Aqui, podemos observar dois pontos: o primeiro, é que a situação do Brasil está tão decadente que até um perfil mediano consegue enxegar isso; e o segundo, é como a hipocrisia do cidadão - principalmente brasileiro - é imensa.
O mesmo aluno que critica e reprime um político corrupto, é aquele que cola na prova; aquele que aceita, sem questionar, uma nota alta que foi dada a ele por engano; aquele que não devolve o que não é seu; aquele que corrompe. Segundo o dicionário, o corruptor - aquele que pratica a corrupção - é "aquele que propõe uma ação ilegal para benefício próprio, de amigos ou familiares, sabendo que está infringindo a lei".
Outra característica desse tipo de aluno medíocre é a falta de respeito, a falta de interesse, a falta de um ideal de educação como chave para a mudança. Há a falta de educação também, causada pela não existência da mesma.
A crítica, hoje, vai para os alunos que se encaixam no perfil retratado acima - que com certeza leram isso com um nó na garganta, por se identificarem como um dos culpados pelo atraso do país. Pode parecer exagero quando pensado de forma mais abrangente e universal. Porém, quando paramos para analisar de fato, vemos que uma sociedade é como uma casa: construída de baixo para cima. Se não temos uma boa estrutura de base, como queremos que o topo não desmorone?
Tudo fica mais fácil quando entendemos que o político que está lá em cima, transformando o país em um circo, faz a mesma corrupção que você quando cola na prova para tirar uma boa nota às custas de outro. O que os difere, apenas, são os números de casas depois do cifrão. Porém, não podemos pedir um político de bons ideais, quando a sociedade da qual ele veio - que é constituída por nós - está corrompida.
O poder da educação realmente existe. Sem ela, a massa de manobra seria bem maior do já é hoje - e quem analisa a fundo, teme que isso possa ser possível. E você, aluno medíocre, repense mil vezes antes de julgar um político. Você poderia estar entre eles, fazendo muito mais do que simplesmente pesquisar um gabarito.
Por Gabriela Sousa Louzano